26.02.21
preciso de dizer-te quem ela é, começa a enfermeira, mas ele retorque: ela disse-me. aquela exclamação sobre os códigos não me passou despercebida. confrontaste-a? pergunta a enfermeira. sim, responde o amigo. precisamos dela e ela de nós, diz irritado. desculpa colocar-te nestas situações, murmura a enfermeira. estou aqui para te proteger, seja do que for, afirma enquanto lhe dá um beijo na testa. não vou ter dificuldade em comprar-lhe documentos falsos no mercado negro. para o secretário fui pelos nossos meios pois, supostamente, ele era um de nós. diz sossegando-a. estou a colocar-te numa posição em que estás a dever favores, começa a enfermeira. não, de todo! interrompe-a. tenho muita gente que me deve favores, só estou a puxar cordelinhos. entretanto, a tradutora tinha ido à cozinha servir-se de um café e veio sentar-se na cama para saber da amiga, bem consciente do que o protector lhe fizera há pouco e ambos, cada vez mais, se detestavam.
(continua)