Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

© o escrivão

histórias em capítulos diários de segunda a sexta-feira.

© o escrivão

histórias em capítulos diários de segunda a sexta-feira.

07.06.21

© Oxford(capítulo #10)

a madrinha voltou para a sala de espera e percebeu que ela também precisava de um duche e de roupa lavada de fresco. voltou a casa para se refrescar e, inesperadamente, chorar no duche por tudo o que estava a acontecer. a sua filha condenada a prisão efectiva. o marido que não sabia de nada sobre a jovem designer ter feito uma fortuna vendendo as fotos da cerimónia privada do casamento de Rita e Luca. o susto. o medo de perder a jovem que amava como uma filha. a força que tinha de ser para Catherine. a adrenalina daquela manhã. deixou-se chorar até o nó no estômago desaparecer e as lágrimas secarem. voltou para o hospital. a amiga já tinha perguntado por ela. espreitou e a Madre veio ter com ela. sairam do quarto para não perturbar Rita com o som das vozes e sentaram-se numa salinha contígua onde lhes foi servido um almoço divinal. estavam esfomeadas. enquanto comiam actualizaram-se uma à outra. a madrinha contou o que tinha ficado resolvido e a mãe contou que o médico acreditava que ao final da tarde Rita já teria uma cor saudável. seria tão bom, para serenar Luca. compreendeu o quanto Maggie tinha feito pela afilhada, o compromisso que tinha assumido com o tutor para Rita poder estudar enquanto recuperava. possivelmente a filha levaria todo o semestre para se curar. ainda havia o risco de anemia. já respirava sozinha, Catherine tinha esperança que ela acordasse ao final do dia. tinha tido momentos em que só estava a dormir e chamou por Luca. o cirurgião dissera-lhe que aparentemente não teria nenhuma lesão cerebral. só quando acordasse é que poderiam dizer. assim como o coração. o corpo de Rita estava a aceitar muito bem a transfusão. era uma jovem com muito amor à vida. o médico ficou muito contente com o estilo de treino que a jovem praticava e com a sua disciplina. sossegou a Madre dizendo que esse exercício cardio era o ideal, para a deixar fazer o que quisesse pois fortaleceria mais depressa. e acrescentou que ele não lhe daria alta enquanto sentisse que ela ainda não estava apta a correr ou a treinar luta corpo a corpo com o marido.

(continua)

04.06.21

© Oxford(capítulo #9)

quando voltou, o tutor tinha fotocopiado toda a matéria que já tinha sido dada, mais os seus apontamentos e emprestou-lhe o livro mais precioso para Rita começar a aprender russo. era um livro raro, enquanto o entregava a Maggie, cerimoniosamente, pediu para Rita lhe ligar logo que tivesse forças. a madrinha estava para além de grata. ambos deram um longo aperto de mão, pela confidencialidade que tinham acabado de assumir um com o outro. saiu do gabinete do tutor com o tempo cronometrado ao segundo. guiou de volta a Londres para deixar a equipa de limpeza entrar e tratarem de tudo naquele dia. o colchão novo chegou pouco depois. o ensanguentado estava envolto em plástico para não manchar mais nada. a equipa de entregas levou-o para incinerar. o carpinteiro observou a madeira do chão e disse que tinha exactamente daquela no armazém. tentou levantar uma das tábuas e, com a sua mestria, esta soltou-se facilmente. viu quantas tábuas seriam necessárias e foi buscar novas. a madrinha lembrou-se de Rita ter contado que junto com a herança dos padrinhos de baptismo vinha um diário que revelava pequenos lugares secretos no chão e nas paredes, por isso pediu ao carpinteiro para lhe ensinar a soltar as tábuas que ela queria adiantar serviço. este anuiu e em menos de dez minutos, parecia que a madrinha nunca tinha feito outra coisa. quando ficou sozinha levantou todas as tábuas sujas e guardou num embrulho tudo o que estava escondido no chão daquele quarto. o carpinteiro voltou e ficou surpreso com a qualidade do trabalho da madrinha. disse-lhe que se alguma vez precisasse de trabalho, podia ser carpinteira a tempo inteiro. juntos despacharam o chão em meia-hora. com a equipa de limpeza a postos, em pouco tempo o quarto voltou a cheirar a limpo. tudo pronto, voltou para junto de Catherine. as enfermeiras deixaram-na espreitar o quarto, ainda perturbava ver o sangue que Rita necessitava, mas descontraíu quando viu a mãe a descansar ao lado da sua menina. silenciosamente, deixou o embrulho e a mala de estudante em cima de um cadeirão que estava livre. 

(continua)

03.06.21

© Oxford(capítulo #8)

a Madre começara a limpar o sangue no quarto de Rita, o segurança pediu licença para um duche rápido e ela anuiu ainda em choque. a noite tinha lhe feito bem, mas aquela tarefa de limpeza estava a deixá-la em lágrimas. pouco depois chegou a madrinha, que disse para a Madre estar quieta, que contrataria uma empresa para limpar o quarto. era preciso comprar um colchão novo e, possivelmente, mudar algumas tábuas do chão. sugeriu que a Madre também tomasse um duche e vestisse roupa lavada de fresco. sentaram-se os quatro a tomar o pequeno-almoço, em silêncio. pouco depois Luca e o guarda-costas seguiram para Oxford, a madrinha levou a Madre para o hospital, disse-lhe que a ia deixar sozinha por umas horas, pediu às enfermeiras para a terem debaixo de olho. a mãe perguntou se havia uma segunda cama no quarto de Rita pois precisava de lhe fazer companhia para se sossegar e estava fisicamente muito cansada. a enfermeira mais velha segurou-a e levou-a para junto da filha. esta já respirava sozinha e o ruído reduzira substancialmente. começava a ganhar uma cor saudável. a enfermeira activou uma persiana eléctrica que revelou um simpático quarto para o acompanhante do membro da família Real que quisesse pernoitar com o ente querido. parecia um quarto de hotel. a mãe respirou fundo e sorriu. tinha água na mesa de cabeceira e trouxeram-lhe um brunch simples, pois o corpo precisava de alimento. entretanto, a madrinha guiou até Oxford para uma reunião com o tutor de Rita. explicou-lhe tudo e perguntou se não era possível que ela estudasse aquele curso à distância, enquanto recuperava. o tutor disse que ia torná-lo possível, pois Rita era uma estudante exemplar e não era justo que perdesse a inscrição. pediu à madrinha para esperar uma meia-hora, esta anuiu curiosa.

(continua)

02.06.21

© Oxford(capítulo #7)

vamos combinar uma coisa, disse a mãe agarrando nas mãos de Luca, para ficarem frente a frente. ele olhava-a assustado. a mãe continuou num monólogo: eu fico aqui durante o dia e tu vais para Oxford frequentar o curso de História da Arte com que tanto sonhaste. tenho a certeza que podes dormir aqui à noite. Luca abanava a cabeça de um lado para o outro. a Madre segurou-lhe o rosto: SIM! quando ela acordar e souber que perdeste a tua inscrição não se vai perdoar e com o tempo também tu podes não lhe perdoar. acredita em mim! tens de o fazer, por ela. o jovem respirou fundo e disse: não a posso perder. NÃO DIGAS ASNEIRAS! gritou a mãe. o guarda-costas agarrou nas mãos de ambos e disse: as minhas ordens são levá-lo todos os dias para as aulas. não precisa de ter força para ir, eu trato disso. estando lá a fazer o que gosta, tudo isto será mais fácil e vai deixá-la orgulhosa por não ter parado de viver. não podem adoecer agora. têm de fazer o que vos dá força. a mãe virou-se para a madrinha e perguntou: Maggie, posso contar contigo para não descarrilar? desculpa colocar-te numa posição tão ingrata, mas.. a madrinha exclamou: claro que podes! estes dois precisam de todos nós. eu perdi uma filha, não podemos perder esta, que é tão especial, temos de manter a sanidade mental. dizendo isto, levantou-se e assumiu o controlo: hoje vão os dois para casa, dormir e começar um dia novo: amanhã. o segurança assumiu o controlo juntamente. e a mãe e Luca, sabendo que não eram capazes de entrar no quarto de Rita por agora, após o choque, levantaram-se e seguiram à frente dos dois sargentos. dormiram profundamente com o calmante que a madrinha lhes deu. Luca tinha combinado com o guarda-costas que queria correr antes de ir para as aulas e o segurança disse que, se não se importasse, gostaria de aproveitar para também fazer exercício. por isso, às seis da manhã já eles tinham corrido quase meia maratona. antes de voltarem para casa por volta das sete, Luca foi comprar o jornal para a Madre.

(continua)

01.06.21

© Oxford(capítulo #6)

logo que o cirurgião deixou a sala de espera a Madre pediu para usar o telefone para uma chamada local. pôs a rainha ao corrente, agradeceu a utilização da reserva de sangue Real e disse-lhe para ela ir dormir descansada. escolheu estar optimista. o quisto tinha de ser benigno. tudo ficaria bem com as transfusões de sangue. uma hora depois o médico disse que a operação tinha corrido muito bem, se quiserem podem vê-la, não podem falar enquanto estiverem no quarto, ela continua inconsciente e as vozes podem causar-lhe sofrimento. a Madre exclamou: como assim!? o cirurgião sorriu e explicou: sei por experiência própria. quando fui submetido a um transplante de fígado e estive inconsciente depois da cirurgia, as vozes fizeram-me sofrer pois queria responder mas não tinha consciência como tal se fazia. tenho conversado com outros pacientes num cenário semelhante ao meu e ao da jovem duquesa e todos confirmaram a minha vivência. quanto ao quisto.. SIM? indagou a mãe expectante por boas notícias. ainda não temos resultados, mas está já a ser analizado. obrigado, respondeu Luca. só posso autorizar a presença da mãe e do marido no quarto. peço desculpa aos demais. eu sou guarda-costas da duquesa, gostava de estar à porta do quarto, disse um dos segurança Reais. com certeza, anuiu o médico. mal entraram no quarto as lágrimas começaram a correr-lhes pelo rosto. Rita estava num tom azulado pela porção de sangue que também perdera no bloco operatório. a quantidade de tubos e o ruído das máquinas que registavam tudo, mesmo as ondas cerebrais, era como um murro no estômago. Luca deu a mão a Catherine, olharam um para o outro assustados e decidiram sair dali. voltaram para a sala e choraram compulsivamente. uma enfermeira deu-lhes calmantes e pediu-lhes para os tomarem pois aquela era uma ala exclusiva para a família Real e era secreta. por isso é que um segurança os tinham trazido num elevador aparentemente secundário, para um andar que só podia ser desbloqueado com uma chave acessível a poucos.

(continua)

Pág. 2/2

mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

tu és tão livro!

arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D

wook vais ler a seguir?

Toshikazu Kawaguchi Henry David Thoreau