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© o escrivão

histórias em capítulos diários de segunda a sexta-feira.

© o escrivão

histórias em capítulos diários de segunda a sexta-feira.

31.05.21

© Oxford(capítulo #5)

Catherine tremeu assustada: ela é O-Rh negativo, precisamos de dadores. Luca disse, eu também sou. eu também sou, prontificou-se a rainha e, imediatamente, disponibilizou a reserva dos Windsor. o seu médico disse que a monarca tinha de regressar a Buckingham para accionar o uso da reserva Real. a Madre beijou-lhe a mão num gesto de gratidão e a rainha disse, liga-me quando houver mais notícias. Luca preferiu que fosse a Madre com Rita na ambulância. não estava a conseguir lidar com as emoções. a madrinha guiou-o para o hospital. os guarda-costas que a rainha trouxera para os pombinhos, seguiram-nos. quando entraram na sala de espera das urgências encontraram a Madre a chorar. conta-me tudo: disse a madrinha, tomando conta de todos. estão a fazer-lhe uma ressonância a ver se percebem o que se passa, ela continua sem sentidos. Luca tinha os punhos fechados e já ambas sabiam que era assim que ele lidava com as emoções por isso, abraçaram-no. chora, meu anjo, sussurou-lhe a mãe. Luca confessou: tenho tanto medo! e se fui eu quem a magoou? que disparate meu querido! exclamou a madrinha. e Luca começou a chorar, os punhos foram descontraíndo. um médico chegou a sala e pediu para falar com os familiares. a Madre estava ansiosa, então a madrinha continuou a abraçar Luca. mas todos ouviram: a duquesa tem um quisto no ovário direito, que tem estado a crescer e acabou por rasgar a trompa. precisamos de retirar o ovário e parar a hemorragia. é um procedimento simples, sua magestade a rainha autorizou-nos a usar a reserva de sangue dos Windsor, pelo que a recuperação está assegurada. preciso de autorização para a cirurgia. nós queremos ter filhos, disse Luca. o cirurgião olhou para a Madre e esta explicou: é o marido. o médico disse a Luca: o útero e o ovário esquerdo parecem saudáveis, teremos de submeter o quisto para análise, antes de qualquer conclusão. até ao momento, não há nada que os impeça de uma gravidez. o jovem agradeceu, momentaneamente mais calmo. quando saberemos o resultado das análises, doutor? ainda esta noite, assegurou-os. 

(continua)

28.05.21

© Oxford(capítulo #4)

mãe? chamou Rita. estamos aqui, respondeu Catherine. estamos? murmurou surpreendida. e de facto estavam! no jardim coberto Rita e Luca rejubilaram com a presença da madrinha e da rainha. os jovens abraçaram-nas felizes. a madrinha comprou em Oxford uma casa semelhante à de Katja e Andrey também com um jardim coberto e doou-a a Rita e a Luca. aquela casa era um sonho antigo. ofereceu um par de chaves a cada um e disse que ficava com outro para o caso de os querer visitar. a jovem designer tentou fugir do país, mas o Banco deu o alerta pois ela levantou a fortuna que tinha conseguido com a venda das fotos do casamento dos dois pombinhos, para o Banco podia ser branqueamento de capitais, e a polícia acabou entregando essa quantia à mãe pois esta tinha todos os recibos. deu para comprar a casa de Oxford e para abrir a primeira conta bancária do casal Salvatóre. eles eram os verdadeiros donos daquela fortuna. Luca e Rita não sabiam se estavam alegres ou tristes. a madrinha disse que podiam estar as duas coisas, pois provocava de facto um misto de emoções. Rita disse que podiam criar uma Fundação com esse dinheiro, mas ainda não sabia com que propósito e Luca concordou, desta vez feliz. a madrinha não aceitava um não como resposta e fez tudo como donativos vitalícios que nunca ninguém poderá contestar. não fosse ela uma das melhores advogadas do ramo. Rita estava a ficar mal-disposta com o cheiro do brunch, tentou levantar-se, estava branca, Luca segurou-a e pediu ajuda: mãe? a madrinha olhou para a jovem e disse: minha querida, creio que estás a ter um aborto espontâneo. não é possível! exclamou Luca. só fizemos amor na véspera do casamento e durante a lua-de-mel! usámos preservativos! como é que ela pode estar a perder tanto sangue? o médico que tinha vindo com a rainha disse: pode ser uma hemorragia! chamem - ia pedir o doutor.. uma ambulância? antecipou-se a Madre. já vêm a caminho. Rita tinha perdido os sentidos. Luca saiu a correr e voltou do quarto com a má notícia: mãe, ela esteve a perder sangue este tempo todo! Catherine tremeu assustada: ela é O-Rh negativo, precisamos de dadores. 

(continua)

27.05.21

© Oxford(capítulo #3)

a Madre seguiu-os. Rita chorava, estava tão assustada por ter perdido a privacidade do seu casamento. Luca também estava tenso, mas só os punhos fechados o revelavam. chegados a casa a mãe disse: nem de bicicleta, nem de comboio, vou contratar um guarda-costas para cada um. vão de carro. Luca ia dizer que não era necessário e Catherine parou-o com a mão no ar e acrescentou: vocês têm aulas em zonas diferentes de Oxford, não vão estar sempre juntos. é o melhor a fazer, meu querido. ele anuiu. vou ligar ao chefe de segurança de Buckingham e pedir-lhe orientações. Rita correu para a casa-de-banho e vomitou tudo o que tinha comido. chorava tão compulsivamente que começou a hiperventilar e desmaiou. MÃE! gritou Luca, aflito. esta correu para ele e pediu-lhe para lhe descrever como é que Rita tinha perdido os sentidos, o jovem relatou os acontecimentos e a Madre murmurou: quem sai aos seus.. suspirou com saudades de Katja. tem calma, disse a Luca, ela só precisa de um sedativo forte e de dormir. mas antes temos de a acordar, para ter a certeza que está tudo bem com o cérebro. Rita lembrava-se de tudo o que tinha acontecido, lembrava-se do que a fizera vir a correr para casa. a mãe perguntou-lhe se estava tonta, se precisava de ajuda para se levantar, Rita ergueu-se agarrada ao lavatório e subiu as escadas para o quarto. a Madre preparou-lhe um sedativo apenas para a acalmar e adormecer por poucas horas. virou-se para Luca e disse: tu também não estás bem, durmam os dois. o jovem aceitou e os punhos relaxaram, os nós dos dedos já estavam a perder a cor tal era a fúria que ele estava a conter. quando acordaram, ouviram a rainha a rir. olharam um para o outro desorientados. vestiram roupa descontraída, mas formal e desceram as escadas de mão dada. novamente, um riso inconfundível vindo do jardim coberto.

(continua)

26.05.21

© Oxford(capítulo #2)

quando chegaram compreenderam a insistência de Catherine, pois a madrinha tinha preparado uma festa em homenagem aos recém-casados e a jovem designer estava pronta para fotografar o evento. a Madre pediu-lhe educadamente para arrumar o material e deixar Rita e Luca viver sem holofotes. tinha confiado na jovem designer, mas esta traiu esse privilégio quando vendeu, aos média, as fotos do casamento no cartório. Rita e Luca tinham sido notícia, eles desconheciam-no graças à sua estadia na casa da floresta na Escócia. mas todos os amigos sabiam. a madrinha tentou demovê-los da ideia das bicicletas pois a distância entre Londres e Oxford é mais ou menos noventa quilómetros, enquanto uma maratona ronda os quarenta e dois. indo de comboio a viagem durava uma hora, podiam perfeitamente continuar o exercício matinal, tomar o pequeno-almoço com a mãe, apanhar o comboio e ainda chegar a tempo para um passeio pela universidade. eles olharam um para o outro a interiorizar os novos dados, agradeceram à mãe da jovem designer por os ter ajudado a pôr as ideias em perspectiva e concordaram com ela. a Madre respirou fundo e sossegou. a ideia das bicicletas tinha-a deixado inquieta. sabia que era só uma questão de dias até eles encontrarem outro pretexto para as adquirir. a quantidade de revistas que tinham comprado era de alguém que anda a investigar o mercado. pelo menos, por agora, a mãe podia ficar descansada. quando Margareth percebeu que a filha insistia em tirar fotos ao encontro entre amigos, expulsou-a de casa. Maggie! exclamou a Madre, é a tua filha, nós é que estamos a mais. mas a madrinha insistiu que ficassem, que a filha vivia com o namorado há quase um ano. tinha vergonha do que a jovem designer tinha feito com as fotos do casamento. tinha violado a privacidade do evento, como estava a preparar-se para fazer novamente. Rita e Luca saíram a correr da festa quando os convidados lhes começaram a estender revistas para autografarem as fotos do casamento. só então entenderam a vergonha da madrinha.

(continua)

25.05.21

© Oxford(capítulo #1)

na manhã seguinte estava sol e céu azul. Luca e Rita foram correr. cheirava a Primavera e a relva molhada. normalmente corriam em silêncio, sem distrações. após duas horas de maratona, fizeram um pouco de Tai Chi Chuan, compraram o jornal para a mãe e revistas sobre bicicletas para ambos. quando chegaram a casa a Madre tinha acabado de pôr a mesa para o pequeno-almoço. eles tomaram um duche rápido e voltaram para o manjar que os esperava no jardim coberto. Catherine folheava as revistas, curiosa, Rita explicou-lhe que, como este semestre apanhava os meses de Verão, estavam a pensar ir de bicicleta para Oxford, para continuarem a fazer exercício ao amanhecer. as aulas só começavam às nove, tinham muito tempo para pedalar a viagem. a mãe pensou em voz alta: no Verão também chove mas, de facto, os dias são mais ensolarados. Luca e Rita sorriam-lhe e os três começaram a comer. o jardim coberto era deveras uma herança tão valiosa que era impossível pôr lhe um preço. sendo a madrinha de casamento quem cuidava daquela selva doméstica quando se ausentavam, esta não resistiu em pedir-lhes que, uma vez por mês, houvesse uma reunião do clube de leitura naquele espaço maravilhoso. no total, o grupo era composto por doze pessoas. hoje era dia do encontro lá em casa, mas a mãe da jovem designer ligou para os convidar a aparecerem no seu jardim ao ar livre. aceitaram ir com a Madre, aquele domingo estava esplendoroso como havia poucos. apesar de só lhes apetecer dormir, não podiam deixar de aproveitar um dia assim. a mãe também os motivou com o dia fabuloso e todas as amizades que queriam conhecer Luca. quando chegaram compreenderam a insistência de Catherine, pois a madrinha tinha preparado uma festa em homenagem aos recém-casados e a jovem designer estava pronta para fotografar o evento. 

(continua)

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Toshikazu Kawaguchi Henry David Thoreau